sábado, 24 de maio de 2014

Carta do Personagem N°1: Marcondes

Hoje eu vou postar algo diferente, pra quem não sabe, faço curso de formação de atores no Teatro Escola Macunaíma, onde apresentarei uma peça baseada nos contos de Nelson Rodrigues publicados entre 1950 à 1960 em um jornal da época, chamado A vida como ela é. 
A peça será uma adaptação destes contos e terá vários contos e eu farei dois personagens em dois contos, sendo um deles o Marcondes do conto Covardia, no qual você pode assistir no vídeo abaixo:



O trabalho do ator consiste em várias pesquisas, tanto psicológicas quanto físicas de si mesmo e da personagem da qual representará. Um destes trabalhos que eu achei bastante interessante, é escrever uma carta como se fosse o personagem escrevendo para alguém quer que seja. Eu resolvi escrever uma carta para o Agenor, que na cena, é um amigo da família que dá em cima da Rosinha, esposa do Marcondes. O objetivo da carta é fazer com que o ator aproxime-se mais da personagem e fique mais preenchido por ele em cena, é algo que jamais será mostrado na cena, mas que ajuda em alguns momentos e detalhes da encenação. Falar sobre isso e o que envolve o trabalho do ator é um pouco complicado, portanto vou direto para a carta que segue abaixo:


08/05/1953


"Ao meu querido amigo Agenor


     Caro amigo, venho através desta, dizer-lhe que hoje completo três anos de casamento com a Rosinha. Desde que namorávamos e até hoje, apenas uma palavra pode descrevê-la: "Perfeição"! 

      Não Acredito que possa existir outra mulher como ela, tão prestativa, tão graciosa, tão gentil, tão linda, tão maravilhosa... e além de ser uma mulher de mão cheia, de noite em baixo dos lençóis, ela pega fogo! Essa pequena é muito fogosa! Deve ser porque ela é muito esquentada, se irrita por qualquer coisinha...

      Estou muito contente que entrou na mesma empresa que eu e embora você more atualmente do outro lado da cidade, quero que saibas que que te ajudarei a procurar uma casa aqui no bairro e então você poderá vir sempre aqui em casa para jogarmos baralho, assim como eu sempre ia na sua casa para brincarmos quando éramos crianças, lembra?

Bom, despeço-me agora e espero que esteja tudo bem com você, meu caro. 

Um abraço do seu amigo Marcondes

PS: Já está na hora de arranjar uma pequena pra você também, meu amigo!"


Como trata-se de uma adaptação do conto, não seguimos necessariamente o que diz no conto original e nem na cena da televisão, sendo que no começo da minha cena, aparece eu (Marcondes) e o Agenor jogando cartas em casa, quando a Rosinha surge para servir um suco e o Agenor fica olhando ela e o marido nem percebe (é, esse é o meu papel rsrs), por isso cito que jogaremos cartas quando ele vir e que irá morar perto da minha casa pra sempre dar uma passada lá e elogio muito a minha esposa, pois a personagem tem uma adoração pela esposa e que serve de estopim também, para que o Agenor fique curioso a respeito da Rosinha (é uma mulher fogosa).

Bom é isso, farei uma outra carta futuramente sobre o Fonseca, personagem de outro conto. Eu quis fazer este post, pois gostei muito da ideia da carta, pois me faz escrever algo como se fosse outra pessoa e achei interessante postá-la aqui no blog também. Espero que tenham gostado :)

Nenhum comentário:

Postar um comentário